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sábado, 21 de fevereiro de 2009

Bela ou Bonita?


Afinal, o que é Beleza, da qual falamos tão freqüentemente? Será que todos nós temos a mesma concepção sobre esta palavra?

Para nós profissionais de beleza é fundamental defini-la, o que não é fácil. Artistas, escritores e filósofos debatem essa questão há séculos. Não tenho, portanto, a pretensão de encerrar esse debate aqui; desejo, tão somente, fazer algumas colocações que possibilitem reflexões sobre este assunto, para que cada um chegue às suas próprias definições.

É importante saber diferenciar entre “bonito” e “belo”. Há pessoas belas, que não são bonitas, e há pessoas bonitas, que não consideramos belas. Na arte, um quadro belo nem sempre retrata algo bonito e a representação de algo bonito nem sempre resulta num quadro belo. Então, evidentemente, há uma diferença. Eu acho que o bonito se refere somente a questões estéticas exteriores, como harmonia de proporções e do conjunto, ou ao que é agradável ao olhar. A beleza envolve algo mais profundo, além disso.


O escritor irlandês James Joyce, no livro Retrato do Artista quando Jovem trata extensamente das questões da arte e da beleza. Num dos diálogos, é dito que é preciso ter três coisas para a beleza: inteireza, harmonia e irradiação.

Inteireza significa que aquilo que é belo é completo em si, independentemente do que estiver à sua volta. Para isso é preciso que tenha conteúdo. Quando falamos em beleza, geralmente a relacionamos a uma qualidade. A beleza expressa algo: seu conteúdo.

Quando vemos alguém como belo é porque expressa algo que admiramos, como força, bondade ou alegria. Um exercício interessante é pensar no maior número de qualidades que puder e fazer uma lista. Uma boa lista deve conter, pelo menos, 50 palavras. Outro exercício interessante é pensar em diversas pessoas, mulheres e homens também, que consideramos belas. Pense nas qualidades que essas pessoas expressam e não somente no seu visual. Pense também em belos filmes, e no que eles expressam, e como fazem você se sentir.


Essas virtudes, ou qualidades, são materializadas na imagem da pessoa, do objeto ou da obra de arte e não precisam de acessórios; embora a harmonia também seja necessária. Quando se cria uma imagem bela, como na imagem pessoal, é essencial trabalhar dentro dos princípios de harmonia e estética. É preciso saber como criar uma composição harmoniosa, como usar a proporção áurea para obter uma imagem esteticamente agradável, como usar a cor harmoniosamente e como trabalhar com a luz e a sombra. As qualidades de uma pessoa se manifestam naturalmente no rosto, harmoniosamente, enquanto suas fraquezas desequilibram o conjunto. Por isso, também é preciso saber ressaltar os pontos fortes e diminuir os pontos fracos.

Ao observar cuidadosamente fotografias de pessoas famosas e consideradas belas, como atrizes ou modelos, nota-se que souberam valorizar seus pontos fortes e diminuir seus “defeitos”, ou transformá-los. Algumas são bonitas e belas, mas outras souberam transformar uma imagem comum, ou até feia, numa imagem bela.


Mas ainda falta a terceira coisa: a irradiação. Isso significa que a imagem irradia a sua essência, seu conteúdo. Faz isso sem artifícios e com transparência. Uma pessoa não consegue ser bela tentando ser algo que não é. É possível criar numa pessoa uma imagem de força, por exemplo. Mas, se a pessoa não for forte, essa imagem será opaca, sem transparência, e não será convincente, por não ter conteúdo. Será somente uma máscara, talvez bonita, mas não bela.

Isso explica porque uma pessoa bonita, com traços perfeitos e proporções ideais, pode ser “sem graça”. A harmonia e a estética em si não é beleza. É preciso algo mais, o conteúdo, materializado com transparência.


Uma vez que sua imagem esteja estabelecida, com harmonia, uma pessoa bela não precisa se produzir com nada de especial. Pode usar tanto um jeans e camiseta quanto um vestido de grife. É sempre admirada, porque tem conteúdo materializado com harmonia, e é completa em si.

O visagista revela a beleza de cada um, que irradia do seu interior, usando o conhecimento da linguagem visual para criar uma imagem harmônica e esteticamente bonita.


As pessoas tornam-se belas, sendo elas mesmas.

2 comentários:

  1. ***Lindo texto e sábio, fiquei intrigada e vou ler o livro, obrigada pela dica.***

    Obrigada pelo espaço;

    Vhall.

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  2. frgvrtfvvvvvvvvvvvvvvvvvv

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